Trajetória dos cinemas em Mogi das Cruzes
O Theatro Recreio Dramático exibiu as primeiras projeções em Mogi por volta de 1890. Localizado na Rua Flaviano de Mello, próximo à Catedral, o cinema foi uma sensação na cidade por se tratar de algo novo. Como não existia energia elétrica, pela primeira vez as pessoas puderam ver as imagens se movimentando num plano fora da realidade. Por isso, nem se importaram com as condições precárias. Enquanto a companhia ambulante trazia a máquina e instalava o equipamento, o público entrava com as cadeiras.
Pouco tempo depois, entre 1903 e 1904, o Teatro Vasques também mostrou à cidade o que seria o sistema precursor do cinema, garantindo à população uma agradável fonte de entretenimento.
Já com características de cinema, surge o Cine Rio Branco. Instalado na Rua Braz Cubas, nas imediações da Praça Oswaldo Cruz, o local já possuía equipamento e cadeiras próprias. Porém, com pouco tempo de funcionamento o prédio sucumbiu em chamas. Naquela época, os filmes eram feitos de nitrato de prata, material altamente inflamável. Posteriormente, o local foi reformado, dando origem ao Cinema Carlos Gomes. O estabelecimento embarcou na magia do cinema mudo, exibindo grandes produções europeias e americanas.
Instalado na Rua Ricardo Vilela, o Cine Parque inaugurou em 1911 a nova era do cinema em Mogi das Cruzes. Com uma espécie de parque na frente, unindo bar e diversão, o portão possuía as insígnias do Barão de Jaceguai. Ao fundo, Joaquim de Mello Freire, conhecido como Capitão Quinzinho, construiu o salão onde eram projetados os filmes. O cinema sobreviveu até meados de 1970. Anos mais tarde, o local abrigou a danceteria Kanekão, depois final da década de 90 virou estacionamento e em 2013 virou o Atacadista Esperança.
Quase na mesma época, mais especificamente em 12 de março de 1936, é fundado o Cine Odeon, nas proximidades da Praça Oswaldo Cruz. Posteriormente adquirido pelo proprietário do Cine Parque, com o tempo, o cinema começou a exibir somente filmes pornográficos, depois virou galeria de lojas ate ficar no abandono, o cinema fechou na nos inicio dos anos 90, quando foi adquirido por uma igreja evangélica, que reformou e manteve o aspecto original do cinema, atualmente foi adquirido pela Prefeitura de Mogi para inaugurar o Ciarte em 2005, descaracterizando seu interior totalmente.
No dia 08 de julho de 1947, desponta o Cine Urupema, na Praça D. Firmina Santana. Este seria o terceiro investimento da família Mello Freire. Com uma estrutura suntuosa, o cinema possuía capacidade para abrigar três mil pessoas. No auge da atividade, o Cine Urupema trouxe para Mogi uma das cinco telas aluminizadas de altíssimo reflexo que o Brasil importou em 1954. Entretanto, o cinema também não suportou à crise e fechou as portas em 1996. Durante um período, o prédio acomodou a casa noturna OVNI, sendo posteriormente adquirido por uma igreja evangélica.
Para quebrar a hegemonia da família Mello Freire, José Jungers inaugurou o Cine Avenida no dia 12 de novembro de 1947. Referencial de conforto, foi o primeiro cinema mogiano a apresentar poltronas estofadas e sistemas de ventilação. Localizado na Avenida Voluntário Pinheiro Franco, encerrou as atividades no dia 19 de julho de 1991. Como a maioria dos demais cinemas, também abriga uma igreja evangélica nos dias atuais.
Mesmo com tanta concorrência, a rentabilidade do mercado levou José Jungers a apostar em mais um cinema: o Cine Vera Cruz. Instalado no Shangai, o cinema iniciou as atividades em 1953, mas não chegou a compartilhar o brilho dos concorrentes. Aguentou até 1965 e atualmente é pouco lembrado pelo público que frequentava os cinemas na época.
Os anos dourados do cinema
Durante anos, o cinema influenciou o ritmo de vida da população mogiana. Por trás das sessões, havia um cerimonial completo, que abrangia desde a escolha da roupa, a passagem pela bilheteria, o filme em si e as paqueras na saída.
Como não havia muitas opções de entretenimento em termos visuais, o cinema monopolizou as atenções. No auge de sua efervescência, compreendido entre 1940 e 1970, Mogi das Cruzes chegou a comportar cinco estabelecimentos funcionando simultaneamente: o Cine Parque, o Cine Odeon, o Cine Urupema, o Cine Avenida e o Cine Vera Cruz.
Com autoridade de quem trabalhou durante 23 anos em três importantes cinemas da cidade como operador e responsável pela equipe técnica, o historiador e diretor do programa Arquivo Mogiano, da TV Mogi, Olympio Norberto Zappile, de 72 anos, recorda que somente o Cine Urupema chegava a atrair cerca de cinco mil pessoas entre sexta-feira, sábado e domingo.
A princípio, os cinemas eram dominados pela família Mello Freire, proprietária do Cine Parque, Odeon e Urupema. Mas, seduzido pela rentabilidade do mercado, José Jungers resolveu quebrar essa hegemonia, fundando o Cine Avenida e alguns anos após, o Cine Vera Cruz.
A concorrência foi, sem dúvida, um dos fatores que impulsionou o investimento em qualidade. “Cada um punha seu carro de som na rua para anunciar a programação. O problema era quando os dois se encontravam: era uma gritaria que não tinha tamanho. Cada um queria vender seu peixe, anunciar mais alto o filme que estava passando”, informa Zappile.
Na tentativa de superar o concorrente, os cinemas começaram a investir em sistemas de projeção e conforto. “Por isso, o apogeu mesmo foi no ano de 1954, era das telas panorâmicas e do cinemascope. Antes disso, o cinema não oferecia muitos atrativos. Não havia preocupação com as telas, as cadeiras além de pequenas, eram de madeira e a inclinação não era boa. Então, você via um monte de cabeça na sua frente. Como o Cine Urupema e o Avenida inauguraram mais tarde, puderam explorar mais a questão do conforto. Tanto que o Cine Avenida foi o primeiro cinema de Mogi com poltronas estofadas e o Urupema adquiriu uma das cinco telas aluminizadas de altíssimo reflexo que o Brasil importou em 1954”, conta.
O CinemaScope era uma tela larga sem distorção na imagem. Para efeitos comparativos, enquanto as telas anteriores mediam 5m de largura por 4m de altura, as novas telas possuíam 26m de largura por 9m de altura.
Para impressionar ainda mais os freqüentadores, a diretoria do cinema criou uma situação especial. “O novo equipamento já tinha sido instalado, mas no dia da inauguração o filme começou a ser exibido na tela pequena. Por trás dela havia uma bateria de alto-falantes com 16 focos de som. Embora fosse só uma demonstração, o cinema estava lotado porque foi feita uma boa cobertura publicitária. Então, começaram a passar a história do cinema, os primeiros filmes, a invenção… Até que num certo momento, o locutor anunciou solenemente: senhoras e senhores, com vocês, cinemascope. Aí apareceu a nova tela, assustando o pessoal. Era som que vinha de toda direção, a sensação de estar dentro da montanha russa… Foi uma gritaria. Todo mundo saiu impressionado”, relata.
A melhoria do sistema impulsionou o interesse das pessoas pelo cinema. “Mogi foi se desenvolvendo e dentro desse contexto o cinema precisou acompanhar. Nessa época, a instalação da Mineração Geral do Brasil trouxe muitas pessoas para cá, ajudando a movimentar o circuito”, enfatiza.
Saudade dos rituais
Além dos atrativos do cinema, havia uma expectativa de comportamento que hoje é lembrada com saudade por seus freqüentadores. Segundo o secretário Municipal de Cultura, Jurandyr Ferraz de Campos, de 66 anos, a partir das 19h30, os jovens começavam a se concentrar na praça localizada em frente ao Cine Urupema para observar quem saía do local. Conhecido como “footing”, o paqueródromo era formado por duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres, que circulavam em sentidos opostos. “Era o ponto de encontro para flertar. Lembro que o apogeu era às 20 horas e o limite, às 22 horas”, informa.
A diretora de Cultura, Marlene Mayer Alabarce acrescenta que mesmo em um ambiente informal, as diferenças sociais eram visíveis. “No centro do jardim ficavam as pessoas com um certo poder aquisitivo. Já quem era de classe menos favorecida se concentrava na calçada. Além disso, tinha uma parte que chamávamos de bosquinho, onde ficavam os namorados”, relata.
Enquanto isso, o escurinho do cinema favorecia contatos mais próximos entre os casais. Por ser considerado um local socialmente aceito, o local servia como refúgio dos padrões rígidos da época. “A pouca luminosidade do ambiente favorecia carinhos mais próximos que outros lugares não permitiam. Mesmo assim, havia marcação cerrada. Quando comecei a namorar minha esposa, usávamos o cinema como pretexto para ludibriar a resistência dos pais dela, mas mesmo assim, sua irmã mais nova ia junto para segurar vela. Quando o romance começou a ficar mais sério, até minha sogra ia junto. Certa vez, nos abraçamos por causa de uma cena e ela: a tosse do meu pai. Era o sinal de que ele estava de olho”, descreve Campos.
Outro aspecto interessante associado à falta de claridade era a presença dos lanterninhas. Os profissionais tinham dupla função: além de conduzir o espectador até uma poltrona, eles fiscalizavam o comportamento dos freqüentadores. “Se o casal se excedesse um pouco, ele vinha e acendia a lanterna na cara”, ri. “Muita gente se casou por causa do cinema”, estima o historiador Olympio Norberto Zappile, de 72 anos.
Assim como a repercussão das novelas nos dias atuais, o cinema causava muita discussão. “Só que o cinema você tinha que esperar um pouquinho mais. Às vezes você via a continuação de um seriado só na próxima semana. Aí ficava aquele suspense: todo mundo tentava adivinhar o que iria acontecer”, observa.
Segundo ele, a segmentação do público acontecia de acordo com o tipo de filme. “Curiosamente, era determinado conforme os dias da semana. Além da sessão matutina chamada Pife Pafe, voltada ao público infantil, na segunda-feira, por exemplo, passavam os seriados; às terças, programas duplos de suspense; às quintas, os filmes românticos… Já nos finais de semana eram os filmes de grande classe. Mas o cinema estava sempre com bastante público”, frisa.
Diferente de hoje que é permitido freqüentar o cinema de bermuda e chinelo, naquela época haviam restrições. Por isso, enquanto os homens iam de gravata, as mulheres usavam luvas, bolsas e outros acessórios. Além disso, como o local favorecia a troca de olhares, as pessoas colocavam as melhores roupas para ir ao cinema.
Outra curiosidade refere-se ao perfil do público da região. Como Mogi possuía duas grandes colônias, a japonesa e a árabe, o cinema abria espaço para a exibição de outras produções. “Como os filmes japoneses eram muito longos, o pessoal reforçava a propaganda nos feriados. Além disso, como a maioria vivia na roça e era muito fechada, quando eles vinham assistir filmes americanos, havia dubladores que explicavam trechos mais complexos do filme”, recorda Zappile.
Arquivo pessoal
Para muitas pessoas, a trajetória dos cinemas se confunde com as vivências pessoais. O secretário Municipal de Cultura, Jurandyr Ferraz de Campos, de 66 anos, por exemplo, recorda que quando criança, assistia às aulas de catecismo na Igreja do Carmo para ganhar ingressos do cineminha que funcionava em uma das salas do convento. “A distribuição era gratuita porque era uma forma de atrair as crianças para o catecismo. Eu mesmo assisti toda a série do Carlitos”, lembra.
Na década de 40, a demanda era tão grande que um primo mais velho chegou a comprar um projetor para exibir filmes em Taiaçupeba, Salesópolis, Biritiba Mirim, Santa Isabel e outras localidades.
“Era um mini-cinema. Uma vez fui com ele para ajudar na bilheteria. Ele colocou o equipamento no seu Chevrolet e pegamos uma estrada de terra para chegar em Taiaçupeba. Lembro que o filme exibido foi ‘O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde’. Passei um medo… na volta, fomos comer na única pizzaria que existia na cidade”, recorda.
Campos também frequentou muito uma sessão matutina chamada Pife Pafe, que exibia filmes e desenhos voltados ao público infantil.
Diferente de agora, naquela época as crianças costumavam devorar livros voluntariamente. “Minha geração teve muita sorte, porque pôde crescer dentro de uma formação intelectual com valores muito fortes. Tanto que a leitura não era forçada, até disputávamos para ver quem lia mais. Isso gerou uma base sólida para absorver as transformações das décadas seguintes. Justamente pela influência da leitura, meu maior ídolo era o Tarzan. Li todos os livros do autor do personagem, o Edgar Rice Burroughs. Por isso, quando foi lançado o filme do Tarzan, no mesmo dia fui assistir três vezes: na sessão matutina, vespertina e noturna”, enfatiza.
Pelo cinema ter marcado sua vida, o secretário ainda se lembra dos filmes de grande repercussão, como ‘Os dez mandamentos’, ‘Sansão e Dalila’, ‘O homem de terno branco’, entre outros. “Antes de começar o filme, era apresentado o noticiário local e nacional. Era muito interessante”.
Na adolescência, a sensação era passear no jardim e levar a namorada ao cinema. “Como eu era estudante, muitas vezes a Marlene, que hoje é minha esposa, pagava. Muitas vezes a gente nem prestava atenção no filme. O cinema marcou muito minha vida”, confessa.
Com o avanço tecnológico, atualmente é possível criar um cinema particular dentro de casa, com a vantagem de parar o filme ou repetir determinada cena. “Hoje você aprecia o cinema como arte. Analisa a dimensão, a fotografia, a música, a própria história, a interpretação, enfim, o conjunto. Ás vezes vejo na TV a cabo como são feitas as gravações, os efeitos especiais, mas sinceramente não acho muita graça. Hoje em dia só vou ao cinema quando está passando um filme excepcional, porque sinceramente, acho que o velho cinema é incomparável”, avalia.
Na opinião do historiador Olympio Norberto Zappile, enquanto os filmes atuais exploram o apelo emotivo, os de antigamente também possuíam função socializante.
Do auge à decadência
Após experimentar o sabor do sucesso durante anos, o cinema começa a entrar em decadência. A partir de 1975, um a um, os estabelecimentos foram fechando, cedendo espaço para templos religiosos e outras atividades. A popularização da TV a cores foi uma das principais responsáveis por esse processo. “A TV preto e branco até que era acessível, mas requeria ajustes na vertical e horizontal, a imagem caía, enfim, tinha uma série de defeitos.
Mas, por volta de 1970, quando os preços começaram a cair e a qualidade a melhorar, as pessoas passaram a ficar mais em casa”, informa o historiador Olympio Norberto Zappile.
Além disso, a urbanização aumentou a distância entre os bairros, inviabilizando os freqüentes passeios, já que os cinemas ficavam na região central da cidade. “À medida que a televisão começou a baratear e o pessoal precisou pegar condução pra vir ao cinema, houve uma queda assustadora da freqüência, porque as pessoas começaram a se acomodar em casa. Então, esse processo não aconteceu de uma hora pra outra, foi acontecendo lentamente. Dava a maior tristeza ver filmes bons em exibição e o cinema vazio. Às vezes era necessário suspender a sessão por falta de gente. Imagina aquele cinema enorme com 30 pessoas… Assim foi indo, até que eles resolveram fechar, porque economicamente não era mais viável”, relata.
Outra coisa que agravou a crise do cinema foi a mudança de hábito. “Antes as pessoas saíam à noite sem receio. Depois, com o aumento da violência, começaram a ficar com receio, porque as ruas não eram tão iluminadas”, afirma o historiador.
Alguns chegaram a fechar sem que ninguém percebesse, como aconteceu com o Cine Odeon. Já o Cine Parque começou a diminuir o ritmo, funcionando apenas duas ou três vezes por semana e exibindo filmes japoneses para suprir. Por fim, o Urupema também entrou em crise, encerrando a era do cinema de rua em Mogi.
“A maioria virou igreja evangélica, mas sem querer os novos proprietários fizeram algo bom, porque pelo menos impediram que os prédios fossem derrubados”, argumenta.
Uma alternativa que o cinema encontrou para sobreviver como espetáculo coletivo foi procurar abrigo nos shoppings centers. A freqüência tem sido boa, mas hoje em dia, o público possui cada vez mais opções a seu dispor, como vídeo cassete, DVD, Internet e TV fechada.
Independente disso, Zappile acredita que o cinema conseguirá sobreviver. “Acho que o cinema vai se modificar um pouco. No momento que os novos projetores a laser forem instalados, será possível trabalhar com efeitos de tridimensão fantásticos. É uma tendência, assim como foi o cinemascope e os sistemas de telas gigantes. Isso porque o cinema precisa se defender para acompanhar toda essa evolução. Como a população aumentou muito, vai sobrar um pouquinho para cada um e o cinema será mais uma alternativa”, prevê.
Cinema e shopping: combinação perfeita
A tendência do cinema contemporâneo é aproveitar a estrutura dos shoppings centers. “O cinema de rua já não atrai a atenção dos exibidores. Já os shoppings são vistos como um investimento quase certo, porque as pessoas consideram a facilidade de estacionamento, segurança, além de acesso à praça de alimentação e lojas”, informa o diretor administrativo do Grupo São Luiz de Cinemas, da rede CenterPlex, Márcio Eli Leão de Lima.
Esse potencial também tem sido explorado pelos centros de compras. “99% dos shoppings que estão inaugurando agora consideram três prioridades: uma mega store, um hipermercado e um cinema. Esses são os três pontos chaves para começar a vender as outras lojas”, argumenta.
Entretanto, como o cinema já não conta com um público assíduo, a empresa tem investido em diversas estratégias para seduzir os freqüentadores. “Trabalhamos com diversas promoções, como a semana do terror, sessão pipoca, descontos… Embora o cinema não seja uma opção cara de entretenimento, o poder aquisitivo das pessoas diminuiu. Além de gastar com condução, geralmente a pessoa não vai sozinha. Nisso, é esposa, filhos e despesas com pipoca e refrigerante. Então, a família acaba gastando quase R$ 50, o que acaba inibindo passeios constantes”, constata.
Para amenizar esse efeito negativo, o Grupo São Luiz não deixa de investir no conforto e na tecnologia, sem descuidar do atendimento, um grande diferencial da rede. “Se colocarmos poltronas ruins e telas de projeção médias que seja, da próxima vez o público não sairá do conforto de sua casa para ir a um lugar pior. Além disso, o próprio shopping espera que você traga público. Portanto, se deixar alguma brecha, ele traz outro exibidor. Por tudo isso, a qualidade mais que nunca é essencial para a sobrevivência dos cinemas”.
Independente de tudo isso, o diretor administrativo destaca que o mercado continua sendo muito interessante. Como o pagamento é feito com dinheiro vivo, o setor não sofre com a inadimplência.
Conforme recorda Lima, quando o Cine Mark começou a ganhar mercado, todos acharam que as pequenas empresas não suportariam a concorrência. Porém, seguindo o caminho inverso da maioria que quebrou por tentar brigar de frente, o Grupo São Luiz buscou investir em outro mercado: o Interior.
Responsável pelas salas dos shoppings de Mogi e Suzano, a empresa possui atualmente 28 telas de cinemas. Por acreditar no potencial do mercado regional, a rede disponibiliza o que há de melhor. “Importamos projetores da Philips, um dos melhores do mercado; instalados som digital; CD 650 processador básico; compramos lentes americanas, investimos em poltronas confortáveis… outra característica muito legal é que os freqüentadores acabam se tornando amigos dos funcionários”, explica.
O público que freqüenta os cinemas do Grupo São Luiz é predominantemente jovem. A faixa etária que compreende os 14 e 30 anos é responsável 65% a 70% do movimento.
Assim como a maioria das atividades comerciais, o cinema apresenta melhor desempenho em determinadas épocas do ano. “Para nós, o período de férias é o melhor, porque além das sessões noturnas, o movimento é bom também durante o dia. As próprias distribuidoras de filmes preferem lançar os filmes mais importantes nessa época”. Mas o que não escolhe período para acontecer é o esquecimento de algum objeto. “O pessoal esquece de tudo: celular, blusa, carteira… mas como os objetos são recolhidos, os proprietários podem procurar o gerente, porque o pertence fica guardado na bilheteria”, informa.
Marcos Perrin e Olimpio Zapille
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Redescobrindo o Alto Tietê
2003
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