Mostrando postagens com marcador Capital - Bijou Theatre (1º cinema). Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Capital - Bijou Theatre (1º cinema). Mostrar todas as postagens

Bijou Theatre (São Paulo - SP)

PRIMEIRO LOCAL DA CIDADE DE SÃO PAULO CRIADO, EXCLUSIVAMENTE, PARA EXIBIÇÕES CINEMATOGRÁFICAS.

Inauguração : 16/11/1907 (Jornal "O Comércio de São Paulo")
Exibidores : Francisco Serrador e Antônio Gadotti
Endereço : Rua de São João - Centro
Em funcionamento ? : Não
. O prédio foi demolido em 1914.
Antes, Eden Theatro.

Breve histórico :
Com capacidade para 400 lugares, o Bijou Theatre ficava na então Rua São João - na década seguinte transformada em avenida -, na altura de onde foi erguido posteriormente o Cinema Central, depois, nesse trecho, cruzando com a Avenida São João, passou a Avenida Prestes Maia e hoje se encontra o Vale do Anhangabaú.
O endereço já tinha tradição para o entretenimento. Em 1898, ali funcionava um boliche, que depois virou um teatrinho, o Eden Theatro.


Então os empresários Francisco Serrador e Antônio Gadotti transformaram o espaço para receber, exclusivamente, exibições cinematográficas. Inaugurado em 16/11/1907, o Bijou Theatre contava com 15 ventiladores e um requintado botequim. A trilha sonora dos filmes era garantida pelo acompanhamento de um sexteto. Durante a semana, as sessões ocorriam às 18h30. Aos domingos, às 13h30 e às 19h30. Naquela época, os filmes eram curtos, de pouco mais de 10 minutos. Em média, uma sessão mostrava cinco filmes. A maior parte da produção vinha da Europa - cerca de dois terços do total. O restante era norte-americana.
"A Dama das Camélias", "Macbeth", "Raio de Luz Libertador", "O Fim do Mundo" e "Sevilhasão", alguns dos filmes que estrearam na cidade na tela da Rua São João.
Com o Bijou, Serrador se transformou em um grande empresário do entretenimento. Ele já era um conhecido distribuidor de filmes e exibidor ambulante em São Paulo. Então passa a ser um empresário com diversas filiais, montando uma rede de cinemas - que chegou a ter 35 unidades, em diversas cidades do país.
No início dos anos 1910, o Bijou Theatre ganhou um anexo, o Bijou Salão, dobrando sua capacidade total de público para 800 pessoas. Mesmo com tanto glamour, o fim estava próximo. Com a reforma do Vale do Anhangabaú e da Avenida São João, o Bijou foi condenado pelo progresso. Acabou demolido no fim de 1914.



Francisco Serrador (1872-1941)
O empresário espanhol foi proprietário de hotéis, cassinos, teatros e cinemas em várias cidades do Brasil. Além de São Paulo, morou em Curitiba e no Rio. É considerado o responsável por trazer ao Brasil o hábito de comer cachorro-quente, uma vez que o lanche era vendido em seus cinemas.

Curiosidades : 
Exibiu o "Cinematógrafo Cantante", a partir de 1909. 
Exibiu uma importante fita nacional de grande metragem em 23/09/1912: "1400 contos" ou "O caso dos caixotes", filme nacional de Paulinho Botelho, da fábrica "Brasil Film". 
Em 1914, o prédio foi demolido, para a construção do prédio que abrigava o Cinema Central, que por sua vez foi demolido em 1947. 

O jornal "O Comércio de São Paulo", de 17/11/1907, noticiou :
"Inaugurou-se ontem esta nova casa de espetáculos - o antigo Eden-Theatre - completa e luxuosamente reformado. Realizou-se por essa ocasião, exibição especial do Cinematógrafo Richebourg, para a imprensa e convidados. Em seguida, o empresário Francisco Serrador, que explorará esse gênero de diversões naquele elegante teatrinho, ofereceu a todas pessoas presentes fina mesa de doces"
"Hoje, no Bijou-Theatre, há dois espetáculos por sessões, um a 1 hora e meia da tarde, e outro às 7 e meia da noite".


Principal fonte de pesquisa : 

17/11/1907
18/11/1907

19/11/1907


Nesta foto, vemos um cartaz anunciando, para breve, o filme “O Mistério da Ponte de Notre Dame” (Mystère du pont Notre-Dame, Lê - França - 1912)


Cassino Paulista (São Paulo - SP)

LOCAL DE APRESENTAÇÃO DE VÁRIOS TIPOS DE ESPETÁCULOS, INCLUSIVE EXIBIÇÕES CINEMATOGRÁFICAS.

Theatro Cassino Paulista
Inauguração pública : 27/11/1901
Endereço : Rua São João, 21 - Sé
Antes, Eldorado Paulista.
Depois, Eden Theatro.
Em seguida, sediou o primeiro local criado, exclusivamente, para exibições cinematográficas em São Paulo, o Bijou Theatre, primeiro cinema de São Paulo.




Para mais informações, acesse : 


Bijou Theatre e Colombo (São Paulo - SP)




Jornal 'Avanti!' - 26/07/1908

Jornal 'Avanti!' - 29/07/1908

 

Bijou Theatre (São Paulo - SP)

Anúncios do teatro que passou a ser o primeiro local destinado, exclusivamente, para exibições cinematográficas. 

O primeiro cinema da cidade de São Paulo!

Jornal O AMADOR DRAMÁTICO

19/07/1908

02/08/1908

04/09/1908






Eldorado Paulista (São Paulo - SP)

LOCAL DE APRESENTAÇÃO DE VÁRIOS TIPOS DE ESPETÁCULOS, INCLUSIVE EXIBIÇÕES CINEMATOGRÁFICAS.

Inauguração pública : 09/02/1899
Endereço : Rua São João, 19-21 - Sé
Depois, em 27/11/1901, Cassino Paulista.
Em 09/04/1907, Eden Theatro.
Em 16/11/1907, Bijou Theatre.

Para mais informações, acesse :
"Inventário dos espaços de sociabilidade cinematográfica na cidade de São Paulo: 1895-1929", de José Inácio de Melo Souza.



Imigrantes italianos, pioneiros da exibição cinematográfica brasileira: Vittorio di Maio

Vittorio Di Maio nasceu, em 14 de abril de 1852, na cidade italiana de Nápoles, vindo para o Brasil integrar-se, por toda a vida, às atividades cinematográficas e aos espetáculos teatrais e de variedades.

1896 - Primeira exibição cinematográfica do país
Não existem dados precisos de como foi a sua vinda para o Brasil, mas é incontestável que Di Maio seja o pioneiro do cinema exibidor no Brasil, com o seu Omniógrapho, instalado a 8 de julho de 1896, às 2 horas da tarde, na Rua do Ouvidor, nº 57, no Rio de Janeiro. O Omniógrafo, na verdade, era o Cinematógrafo (máquina de filmar e projetor de cinema), invenção dos irmãos Lumière. O acontecimento foi noticiado da seguinte maneira: "Omniógrafo - Com esse nome tão hibridamente composto, inaugurou-se ontem às duas horas da tarde, em uma sala à Rua do Ouvidor, um aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo da sala diversos espetáculos e cenas animadas por meio de uma série enorme de fotografias."
O reconhecimento desse pioneirismo lhe foi atribuído em 1986, por várias entidades como a Embrafilme, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, com a realização de um seminário e um cartão-postal comemorativo dos 90 anos da primeira exibição de cinema no Brasil.

1897 - Primeiras filmagens no Brasil
Di Maio, também é reconhecido como o realizador das primeiras “vistas” ou filmagens produzidas no país, através de um Cinetógrafo do inventor Thomas Alva Edison, no dia 1º de maio de 1897. Retificando-se uma primazia atribuída ao italiano Afonso Segreto. A exibição destas “vistas” aconteceu em 6 de maio, no Teatro-Cassino Fluminense, em Petrópolis (RJ).

Pelo que hoje se recuperou da memória da filmografia brasileira, na pesquisa patrocinada pela Cinemateca Brasileira, dele seriam "Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí" e "Chegada do Trem em Petrópolis". Embora sustentasse, até o fim de sua vida, ter sido o primeiro a filmar no Brasil, Di Maio jamais exibiu novamente os seus filmes, nem explicou o seu destino.

Nesta época a exibição de filmes era esporádica e ambulante, em lugares públicos como cafés, quermesses, salões, circos e parques de diversões. A partir de 1897, várias localidades brasileiras tiveram o fascínio de descobrir a novidade das imagens em movimento dos vários projetores inventados.

Em maio de 1899, Di Maio instalou um projetor americano Biograph em São Paulo, no Teatro Eldorado Paulista. Com o sócio Leopoldo Perroscino, passaram a organizar as novas atrações oferecidas pela casa.

1899 - Primeiro “espaço” dedicado exclusivamente à exibição cinematográfica em São Paulo
Di Maio foi quem abriu o primeiro “espaço” dedicado exclusivamente à exibição cinematográfica em São Paulo (não confundir com um local ou prédio exclusivo, como o “Bijou Theatre”, que é considerado o primeiro cinema de São Paulo). O “Salão Nova York em São Paulo” teve sua inauguração solene em 20 de julho de 1899, na Rua 15 de Novembro, apresentando o Cinetógrafo Edison.

No ano seguinte, Di Maio inaugurou outra sala de exibição em São Paulo, na Rua do Rosário, nº 5, com o nome de “Salão Paris em São Paulo”, com um Cinematógrafo Lumière. A partir de 1900, o italiano reinaugurou por diversas vezes o “Salão Paris”, sempre com novidades de entretenimento, como “orquestra mecânica”, “museu de cera”, “cinefone (Kinetophone: versão do cinescópio com som gerado por um fonógrafo)", “cinematógrafo falante”, entre outras.

Neste período, a exibição cinematográfica era uma parte menor na programação de suas casas de espetáculo. Mesmo assim, graças ao dom empreendedor e sua paixão pela Sétima Arte, Di Maio abriu vários cinemas no Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e, principalmente, no Ceará.
1907 seria o último ano da pioneira fase dos "projetores" itinerantes e, neste ano, “Victor Di Maio” foi à Fortaleza (Ceará), pela primeira vez, com a Empreza Camões & Di Maio, onde instalou um projetor no Teatro João Caetano e permaneceu na cidade até fevereiro de 1908, quando colocou à venda o projetor da Pathé Frères, para depois anunciar sua viagem a Europa.

1908 - Primeiro cinema de Fortaleza
Em abril de 1908, o "Jornal do Ceará" publicou uma carta que Di Maio enviou de Paris prometendo residir e instalar um cinema fixo em Fortaleza: "dever achar-se em breve nesta capital, onde pretendo fundar uma casa de diversões e recreio para as famílias". A promessa foi cumprida em 26 de agosto de 1908.

Di Maio inaugurou o primeiro cinema fixo em Fortaleza, o "Cinematographo Art-Nouveau", que posteriormente foi popularizado com os nomes de "Cinema Di Maio" e "Cinema Cearense". O Cinematographo Art-Nouveau manteve-se em pleno funcionamento até 1914, na Praça do Ferreira, sempre com grande número de frequentadores.

A personalidade de Di Maio é enaltecida. A imprensa refere-se a ele como “simpático Sr. Di Maio”, e a qualidade de sua programação cinematográfica é destacada, pois as fitas eram caprichosamente escolhidas por ele (“Tentadoras e empolgantes”).

Di Maio deixou Fortaleza no final de 1914, voltando quase doze anos depois. O relato publicado no "Correio do Ceará", edição de 13 de abril de 1926, revelou o regresso e a situação dramática em que se encontrava o empresário dos primeiros tempos do cinema:
"Ha cerca de um mez, encontra-se nesta capital o pobre velhinho Victor di Maio, em triste situação de pobreza e quasi cego. É um symbolo que lembra alguns momentos de delicia por que passou a nossa capital alguns annos passados. Victor di Maio foi o introductor do cinema no Ceará e já antes elle o fôra no próprio Rio, onde fez fortuna e amizades, que não duraram mais do que a sua riqueza, que o infortunio levaria imprevistamente. Hoje, cego, pobre e quasi sem amparo, os momentos de alegria que ao público já proporcionou autorizam-lhe a pedir proteção, para sua infelicidade. E assim é que, no Moderno, por estes dias, será levado esplendido "film" em benefício desta velhice desventurada, pela pobresa e mais ainda pela cegueira. O publico deve, pois, acorrer ao beneficio, para amparar um gesto de generosidade do empresario do Moderno e assistir ao mesmo tempo um "film" colossal de William Farnum." (Texto original, com o português local e de época).

O mesmo periódico, no sábado, 17 de abril, fez novos apelos para que a população prestigiasse a sessão especial no Cine-teatro Moderno, que exibiria o filme “O Seu Maior Sacrifício”. Apelos que ressaltavam a triste situação do pioneiro da exibição cinematográfica no Brasil.

Apenas quatro dias após a sessão em seu benefício, na quarta-feira, 21 de abril de 1926, uma triste notícia: morreu “Victor Di Maio”. E por estranha fatalidade, a morte ocorreu no salão do Café Art-Nouveau, o mesmo prédio onde havia instalado o primeiro cinema fixo de Fortaleza: o Cinematographo Art-Nouveau.

Referências:
Livro "Salões, Circos e Cinemas de São Paulo", de Vicente de P. Araújo - Perspectiva - 1981
Livro “Enciclopédia do cinema brasileiro” - Organizadores: Fernão Pessoa Ramos e Luiz Felipe A. de Miranda - Ed. Senac São Paulo - 2004
Site do Instituto Histórico de Petrópolis (www.ihp.org.br)
Site da Cinemateca Brasileira (www.cinemateca.gov.br)

Arquivo do blog

ACESSE O BLOG INICIAL


BIBLIOGRAFIA DO BLOG

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos com publicação autorizada e exclusivas para o blog dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.