Endereço :
Rua Raimundo da Cunha Matos, 361 - Morro Grande
Artigo do jornal Pirituba News, edição nº 809
De 21/11 à 26/11/2015 :
Do apogeu nas décadas de 50/60 à
'cidade fantasma'
Por Nivaldo Godoy - Memorialista e morador da Freguesia do Ó
A Vila Morro Grande, nome também de uma pedreira desativada, divisa com a Vila Brasilândia, região da Subprefeitura Freguesia do Ó, possui um pedaço abandonado, com construções fantasmas, perdidas no tempo, longe do apogeu sonhado pelo seu criador.
Na década de 1930, iniciou-se a exploração da Pedreira Morro Grande. Naquela época, para se chegar no local, o único caminho disponível era a antiga Estrada do Congo. O britador ficava no começo da referida estrada, hoje Avenida Elísio Teixeira Leite, na esquina com a Avenida Itaberaba, e os blocos de pedra eram transportados por carroças especiais puxados por mulas.
Nos finais dos anos 40, a britadeira foi desativada, com o asfaltamento da Estrada do Congo até a estrada da Pedreira, onde ainda hoje existe um portal. Foi mais ou menos nessa época que o nordestino Tomás de Mello Cruz casou-se com Dona Elza, filha do proprietário da pedreira.
Tomás de Mello Cruz vinha de uma renomada família, que no Nordeste explorava o ramo de tecelagem, e na Vila Morro Grande ele iniciou o seu grande império, construindo a Tecelagem Santo Eduardo Tecidos de Algodão Ltda. e implementando modernidade à exploração da pedreira.
Com as atividades da pedreira, atendendo a uma São Paulo em obras, assim como a tecelagem, a Vila Morro Grande passou a ser habitada pelos operários, com a criação de um pequeno comércio local.
Ao redor da tecelagem também era plantado café de qualidade, destinado a exportação.
Tomás de Mello Cruz, além dos empregos que gerava para a população local, era um benfeitor da região, contribuindo com diversas obras, inclusive pavimentando de cascalho de pedra inúmeras ruas de terra.
Homem notável e empreendedor, ele foi mais adiante. Nos anos 60, criou o internato Instituto Mairiporã, escola de formação ginasial e profissional, para os filhos de seus empregados.
Na Vila Morro Grande construiu uma moderna igreja, dedicada a Santa Clara, com grandes vitrais, piso em desnível, de forma que todo participante dos atos religiosos ali realizados tivessem ampla visão do altar, que ficava em destaque elevado, podendo ainda ser visto, nos fundos, o Pico do Jaraguá, de forma grandiosa.
E não é só! Tomás lá, também, construiu um charmoso cinema, onde além de exibição de filmes, cedia outras atividades sociais.
Todo dia, pontualmente, às 11 horas e às 16 horas, podia se ouvir, na região, o som das explosões do maciço das rochas da pedreira, feitas com dinamite.
Nos anos 80, a pedreira não pode mais continuar suas atividades e a tecelagem, por outros motivos, faliu.
A igreja e o cinema, atualmente, são obras fantasmas, deterioradas pelo tempo. O prédio da tecelagem segue o mesmo caminho e a plantação de café foi abandonada, tomada por ervas daninhas. Tudo diferente do apogeu e do que foi sonhado pelo seu criador.
Arquivo do blog
-
►
2024
(15)
- ► outubro 2024 (1)
- ► julho 2024 (13)
- ► janeiro 2024 (1)
-
►
2021
(18)
- ► junho 2021 (5)
-
►
2018
(17)
- ► junho 2018 (3)
- ► abril 2018 (6)
-
►
2017
(16)
- ► setembro 2017 (1)
-
►
2016
(24)
- ► novembro 2016 (1)
- ► julho 2016 (1)
-
▼
2015
(152)
- ► outubro 2015 (11)
- ► agosto 2015 (7)
- ► julho 2015 (38)
- ► junho 2015 (39)
- ► abril 2015 (33)
- ► março 2015 (1)
- ► janeiro 2015 (1)
-
►
2014
(258)
- ► dezembro 2014 (32)
- ► novembro 2014 (26)
- ► outubro 2014 (11)
- ► setembro 2014 (26)
- ► agosto 2014 (43)
- ► junho 2014 (37)
- ► abril 2014 (29)
- ► março 2014 (18)
- ► fevereiro 2014 (15)
-
►
2013
(88)
- ► dezembro 2013 (13)
- ► março 2013 (4)
-
►
2012
(7)
- ► dezembro 2012 (3)
- ► agosto 2012 (1)
- ► janeiro 2012 (1)
-
►
2011
(13)
- ► novembro 2011 (1)
- ► outubro 2011 (1)
- ► junho 2011 (1)
- ► março 2011 (1)
-
►
2010
(19)
- ► outubro 2010 (1)
- ► setembro 2010 (1)
- ► agosto 2010 (1)
- ► julho 2010 (6)
- ► junho 2010 (1)
- ► abril 2010 (1)
-
►
2009
(124)
- ► dezembro 2009 (1)
- ► novembro 2009 (10)
- ► setembro 2009 (23)
- ► agosto 2009 (32)
- ► julho 2009 (1)
- ► janeiro 2009 (1)
-
►
2008
(187)
- ► novembro 2008 (21)
- ► setembro 2008 (15)
- ► agosto 2008 (56)
- ► julho 2008 (2)
- ► abril 2008 (13)
- ► março 2008 (7)
- ► fevereiro 2008 (41)
-
►
2007
(26)
- ► novembro 2007 (1)
- ► setembro 2007 (1)
- ► agosto 2007 (5)
- ► janeiro 2007 (2)
-
►
2006
(98)
- ► novembro 2006 (1)
- ► abril 2006 (36)
- ► janeiro 2006 (1)
-
►
2001
(12)
- ► novembro 2001 (2)
- ► outubro 2001 (1)
- ► setembro 2001 (1)
- ► agosto 2001 (1)
- ► julho 2001 (1)
- ► junho 2001 (1)
-
►
2000
(41)
- ► dezembro 2000 (5)
- ► julho 2000 (1)
ACESSE O BLOG INICIAL
BIBLIOGRAFIA DO BLOG
PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA
1. Arquivos institucionais e privados
Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.
2. Principais publicações
Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.
Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.
Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.
Periódico Acrópole (1938 a 1971)
Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981
Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990
Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos
FONTES DE IMAGEM
Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.
Fotos com publicação autorizada e exclusivas para o blog dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.
PRINCIPAIS COLABORADORES
Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.
OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.