LOCAL DE APRESENTAÇÃO DE VÁRIOS TIPOS DE ESPETÁCULOS, INCLUSIVE
EXIBIÇÕES CINEMATOGRÁFICAS.
Inauguração pública : 09/02/1899
Endereço : Rua São João, 19-21 - Sé
Depois, em 27/11/1901, Cassino Paulista.
Em 09/04/1907, Eden Theatro.
Em 16/11/1907, Bijou Theatre.
Depois, em 27/11/1901, Cassino Paulista.
Em 09/04/1907, Eden Theatro.
Em 16/11/1907, Bijou Theatre.
Para mais informações, acesse :
"Inventário dos espaços de sociabilidade
cinematográfica na cidade de São Paulo: 1895-1929", de José Inácio de Melo Souza.
Imigrantes italianos, pioneiros da exibição cinematográfica
brasileira: Vittorio di Maio
Vittorio Di Maio nasceu, em 14 de abril de 1852, na cidade
italiana de Nápoles, vindo para o Brasil integrar-se, por toda a vida, às
atividades cinematográficas e aos espetáculos teatrais e de variedades.
1896 - Primeira exibição cinematográfica do país
Não existem dados
precisos de como foi a sua vinda para o Brasil, mas é incontestável que Di Maio
seja o pioneiro do cinema exibidor no Brasil, com o seu Omniógrapho, instalado
a 8 de julho de 1896, às 2 horas da tarde, na Rua do Ouvidor, nº 57, no Rio de Janeiro. O Omniógrafo, na verdade, era o Cinematógrafo (máquina de filmar e projetor de
cinema), invenção dos irmãos Lumière.
O acontecimento foi noticiado da seguinte maneira: "Omniógrafo - Com esse nome tão hibridamente composto,
inaugurou-se ontem às duas horas da tarde, em uma sala à Rua do Ouvidor, um
aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo da sala diversos
espetáculos e cenas animadas por meio de uma série enorme de fotografias."
O reconhecimento
desse pioneirismo lhe foi atribuído em 1986, por várias entidades como a Embrafilme, a Secretaria Municipal de Cultura do
Rio de Janeiro, a Fundação
Casa de Rui Barbosa, a Cinemateca
do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Centro
de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, com a realização de um seminário e
um cartão-postal comemorativo dos 90 anos da primeira exibição de cinema no
Brasil.
1897 - Primeiras filmagens no Brasil
Di Maio, também é
reconhecido como o realizador das primeiras “vistas” ou filmagens produzidas no
país, através de um Cinetógrafo do inventor Thomas Alva Edison, no
dia 1º de maio de 1897. Retificando-se uma primazia atribuída ao italiano Afonso
Segreto. A exibição destas “vistas” aconteceu em 6 de maio, no Teatro-Cassino
Fluminense, em Petrópolis (RJ).
Pelo que hoje se
recuperou da memória da filmografia brasileira, na pesquisa patrocinada pela Cinemateca Brasileira, dele
seriam "Bailado
de Crianças no Colégio, no Andaraí" e "Chegada
do Trem em Petrópolis". Embora sustentasse, até o fim de sua vida, ter
sido o primeiro a filmar no Brasil, Di Maio jamais exibiu novamente os seus filmes,
nem explicou o seu destino.
Nesta época a
exibição de filmes era esporádica e ambulante, em lugares públicos como cafés,
quermesses, salões, circos e parques de diversões. A partir de 1897, várias
localidades brasileiras tiveram o fascínio de descobrir a novidade das imagens
em movimento dos vários projetores inventados.
Em maio de 1899,
Di Maio instalou um projetor americano Biograph em São Paulo, no Teatro Eldorado Paulista. Com o sócio Leopoldo Perroscino, passaram a organizar as novas
atrações oferecidas pela casa.
1899 - Primeiro “espaço” dedicado exclusivamente à exibição
cinematográfica em São Paulo
Di Maio foi quem
abriu o primeiro “espaço” dedicado exclusivamente à exibição cinematográfica em
São Paulo (não confundir com um local ou prédio exclusivo, como o “Bijou
Theatre”, que é considerado o primeiro cinema de São Paulo). O “Salão Nova York em São Paulo” teve sua inauguração solene em 20 de julho de 1899, na Rua 15 de Novembro, apresentando o Cinetógrafo Edison.
No ano seguinte,
Di Maio inaugurou outra sala de exibição em São Paulo, na Rua do Rosário, nº 5, com o nome de “Salão Paris em São Paulo”, com um Cinematógrafo Lumière. A partir de 1900, o italiano
reinaugurou por diversas vezes o “Salão Paris”, sempre com novidades de
entretenimento, como “orquestra mecânica”, “museu de cera”, “cinefone
(Kinetophone: versão do cinescópio com som gerado por um fonógrafo)",
“cinematógrafo falante”, entre outras.
Neste período, a
exibição cinematográfica era uma parte menor na programação de suas casas de
espetáculo. Mesmo assim, graças ao dom empreendedor e sua paixão pela Sétima
Arte, Di Maio abriu vários cinemas no Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia
e, principalmente, no Ceará.
1907 seria o
último ano da pioneira fase dos "projetores" itinerantes e, neste
ano, “Victor Di Maio” foi à Fortaleza (Ceará), pela primeira vez, com a Empreza
Camões & Di Maio, onde instalou um projetor no Teatro João Caetano e permaneceu na cidade até fevereiro de
1908, quando colocou à venda o projetor da Pathé Frères, para depois
anunciar sua viagem a Europa.
1908 - Primeiro cinema de Fortaleza
Em abril de 1908,
o "Jornal do Ceará" publicou uma carta que Di Maio enviou de Paris
prometendo residir e instalar um cinema fixo em Fortaleza: "dever achar-se em breve nesta capital, onde pretendo
fundar uma casa de diversões e recreio para as famílias". A promessa foi cumprida em 26 de agosto
de 1908.
Di Maio inaugurou
o primeiro cinema fixo em Fortaleza, o "Cinematographo Art-Nouveau",
que posteriormente foi popularizado com os nomes de "Cinema Di Maio" e "Cinema Cearense". O Cinematographo Art-Nouveau manteve-se em pleno funcionamento até
1914, na Praça do Ferreira, sempre com grande número de frequentadores.
A personalidade de
Di Maio é enaltecida. A imprensa refere-se a ele como “simpático Sr. Di Maio”, e a qualidade de sua programação cinematográfica é destacada,
pois as fitas eram caprichosamente escolhidas por ele (“Tentadoras e empolgantes”).
Di Maio deixou
Fortaleza no final de 1914, voltando quase doze anos depois. O relato publicado
no "Correio do Ceará", edição de 13 de abril de 1926, revelou o
regresso e a situação dramática em que se encontrava o empresário dos primeiros
tempos do cinema:
"Ha cerca de um mez, encontra-se
nesta capital o pobre velhinho Victor di Maio, em triste situação de pobreza e
quasi cego. É um symbolo que lembra alguns momentos de delicia por que passou a
nossa capital alguns annos passados. Victor di Maio foi o introductor do cinema
no Ceará e já antes elle o fôra no próprio Rio, onde fez fortuna e amizades,
que não duraram mais do que a sua riqueza, que o infortunio levaria
imprevistamente. Hoje, cego, pobre e quasi sem amparo, os momentos de alegria
que ao público já proporcionou autorizam-lhe a pedir proteção, para sua
infelicidade. E assim é que, no Moderno, por estes dias, será levado esplendido
"film" em benefício desta velhice desventurada, pela pobresa e mais
ainda pela cegueira. O publico deve, pois, acorrer ao beneficio, para amparar
um gesto de generosidade do empresario do Moderno e assistir ao mesmo tempo um
"film" colossal de William Farnum." (Texto original, com o português local e
de época).
O mesmo periódico,
no sábado, 17 de abril, fez novos apelos para que a população prestigiasse a
sessão especial no Cine-teatro Moderno, que exibiria o filme “O Seu Maior
Sacrifício”. Apelos que ressaltavam a triste situação do pioneiro da exibição
cinematográfica no Brasil.
Apenas quatro dias
após a sessão em seu benefício, na quarta-feira, 21 de abril de 1926, uma
triste notícia: morreu “Victor Di Maio”. E por estranha fatalidade, a morte
ocorreu no salão do Café
Art-Nouveau, o mesmo prédio onde havia instalado o primeiro cinema fixo de
Fortaleza: o Cinematographo Art-Nouveau.
Referências:
Livro
"Salões, Circos e Cinemas de São Paulo", de Vicente de P. Araújo - Perspectiva - 1981
Livro
“Enciclopédia do cinema brasileiro” - Organizadores: Fernão Pessoa Ramos e Luiz
Felipe A. de Miranda - Ed. Senac São Paulo - 2004
Site do Instituto
Histórico de Petrópolis (www.ihp.org.br)
Site da Cinemateca Brasileira (www.cinemateca.gov.br)