Satyros Bijou - Sala Patricia Pillar
Em 25/01/2022, ao completar 468 anos, a cidade de São Paulo e seus moradores ganham uma nova sala de cinema para chamar de sua. A comemoração do aniversário da cidade foi a data escolhida para a reabertura do clássico Cine Bijou, agora administrado pelo grupo Os Satyros, capitaneado pelos artistas e gestores Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.
Após 26 anos fechado, o cinema da Praça Franklin Roosevelt, no centro da cidade, reabre suas portas como espaço democrático e multifacetado, com programação intensa e especial para a semana de inauguração.
O Cine Bijou foi uma das salas de cinema mais emblemáticas da cidade de São Paulo, tendo funcionado entre 1962 e 1996. Ícone e referência de resistência artística durante a ditadura militar, foi de fundamental importância na formação cultural de toda uma geração, levando às telonas filmes polêmicos e censurados na época.
Durante a sua existência, deu espaço para filmes do Cinema Marginal, de movimentos alternativos-experimentais, além de clássicos do Cinema Novo. Em sua programação constavam produções de Stanley Kubrick, Luis Buñuel, Ingmar Bergman, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, François Truffaut e Neville de Almeida, além de obras russas e japonesas. Entre 1964 e 1985 chegou a exibir grandes filmes da história cinematográfica, como "Laranja Mecânica", "Morangos Silvestres", "Blade Runner" e "Indiana Jones".
O cinema brasileiro terá um foco especial na reabertura do Bijou, com empenho para colocar em cartaz, além de clássicos, filmes que não têm oportunidade no circuito ou passam meteoricamente pelas salas de exibição.
SALA PATRICIA PILLAR
A sala do Satyros Bijou foi batizada Sala Patricia Pillar, numa homenagem à atriz, diretora e produtora, personalidade importante do cinema, do teatro, da teledramaturgia e peça fundamental no processo de reabertura do Bijou.
ABERTURA
A cerimônia de abertura do Satyros Bijou, marcada para 25/01/2022, a partir das 20h, traçará um panorama geral das sessões, eventos e projetos especiais prospectados para a ocupação da sala de cinema.
Para a ocasião, serão exibidos o curta-metragem "O Quintal dos Guerrilheiros", de João Carlos Massarolo e o longa-metragem "Zuzu Angel", de Sérgio Rezende.
Com o intuito de comemorar esse espaço de resistência, será realizada uma semana inteira de abertura, sempre com mesas de debate antecedendo as exibições, que recebe filmes de Laís Bodanzky, Tata Amaral, Helena Ignez, Kleber Mendonça Filho, Felipe Bragança, Leonardo Martinelli, Andradina Azevedo, Dida Andradina, Bruno Autran, Gil Baroni, Leo Tabosa, Amir Escandari, Claudio Borrelli, Lufe Bollini, Mariana Yomared, Joel Pizzini, Paulo Sacramento, Gustavo Vinagre, Julia Katharine, Sabrina Fidalgo, Nara Normande, Tião, Fabio Leal, Ivam Cabral, Rodolfo García Vázquez, entre outros.A semana será dividida de forma temática, trazendo à pauta temas de relevância cultural e representatividade, como o cinema independente, o cinema autoral e a presença da diversidade e das mulheres no cinema.
A PROGRAMAÇÃO
O Satyros Bijou será um espaço múltiplo, como celeiro de debates, apresentações teatrais e musicais, sem perder sua essência de cinema de rua. Com sessões gratuitas ou a preços populares, sua tela se destinará a exibições de curtas, médias e longas-metragens, sempre de quinta a domingo, com exceção de sua semana de abertura (25 a 30 de janeiro de 2022).
Durante o mês de fevereiro, serão exibidos os filmes vencedores do Festival Satyricine Bijou, iniciativa da Satyros Cinema de valorização do cinema independente, que aconteceu em setembro de 2021, de forma digital.
Além disso, a fim de criar um espaço de experiências, serão desenvolvidos projetos especiais para a programação. Imagine poder convidar os seus amigos para uma sessão exclusiva onde você exibirá o filme que mais te marcou e depois falar sobre ele. Essa é a proposta da Sessão "O Filme da Minha Vida", uma das iniciativas para a reabertura do Bijou.
Outro caso ainda é a Sessão "No Escuro", com exibições em horários alternativos, que convida o público a comparecer ao cinema sem saber qual filme irá assistir. Uma surpresa a cada sessão.
Já às quintas-feiras, o projeto "Cinema Falado" propõe debates temáticos após a exibição de filmes.
A prospecção de todas essas ações é transformar o Satyros Bijou em um espaço único, um bunker de resistência, um espaço para quem consome e faz cinema, um espaço de trocas e conexões, um espaço que seja a cara de São Paulo.
O ESPAÇO
Após reformas, o cinema recebeu estrutura moderna e de excelência técnica, sem abrir mão das características da antiga sala.
Bijou, que vem do francês e significa joia, traz ares de obra de arte em sua concepção. A fim de respeitar a memória desse espaço vanguardista e corresponder aos olhares saudosistas, a sua arquitetura base foi mantida. A sala de 77 lugares teve suas poltronas vermelhas, com detalhes em costura, restauradas, assim como as suas paredes e teto, desenhados em gesso. O local também conta com um pequeno palco, que receberá eventos de diversas linguagens.
Será preservada a ideia de um espaço alternativo, democrático e acolhedor para o convívio do público e artistas, com programação voltada à exibição regular de filmes de arte e autorais de todas as partes do mundo, incluindo inovações e experimentações ligadas ao audiovisual, assim como a participação nas principais Mostras e Festivais que acontecem anualmente na cidade.
Uma das novidades é a parceria com a Editora Giostri, que manterá no hall de entrada um café bar e uma pequena livraria voltada para obras, principalmente nacionais, sobre cinema. Um presente para cinéfilos e amantes da sétima arte.
UM SONHO POSSÍVEL
A sala, localizada no número 172 da Praça Franklin Roosevelt, já havia sido um teatro e, quando vagou em 2019, estava na iminência de se transformar em um bar ou uma igreja. Foi nesse momento que Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, fundadores do grupo Os Satyros, abraçaram o espaço com o sonho de devolver à cidade um dos poucos cinemas de rua da capital paulista.
Com os altos custos para a revitalização do cinema, o grupo contou, além da aplicação de recursos próprios, com a ajuda de personalidades como Patricia Pillar, Maria Bonomi, Walcyr Carrasco, Maria Helena Peres, Carlos Giannazi, Celso Giannazi, e personalidades anônimas, que colaboraram de forma direta ou através de campanha de financiamento coletivo, para levantamento e modernização da sala.
Após dois anos sem poder abrir o espaço, em decorrência do período pandêmico, finalmente o Bijou poderá receber o seu público.
SATYROS CINEMA
A gestão da sala é feita pela produtora audiovisual Satyros Cinema, braço cinematográfico do coletivo Os Satyros.
Fundado por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez em 1989, Os Satyros tem renomada carreira no teatro, carregando em seu currículo os maiores prêmios da categoria e sendo parte fundamental no processo de revitalização da Praça Roosevelt.
A Satyros Cinema iniciou a sua atuação com a experiência de Cabral e Vázquez em documentários, séries e novelas, em 2012, com a produção de seu primeiro longa-metragem, "Hipóteses para o Amor e a Verdade". Em 2017, deu início ao seu segundo longa, "A Filosofia na Alcova", que ficou em cartaz durante 61 semanas no Cine Belas Artes, tornando-se um dos títulos mais longevos da sala. Os dois longas acumulam diversas indicações.
Em 2021, produziu o seu terceiro longa-metragem "The Art of Facing Fear", que está em fase de finalização.
Texto enviado por Stella Stephany, da JSPONTES Comunicação, assessora de imprensa do cine Bijou. Fotos: Andre Stefano